O efeito halo é aquela suposição não-questionada de que, se um mestre de meditação ou instrutor espiritual é bom em uma área, então será bom em todas as áreas; se ele conhece tudo sobre a visão interior, então também conhecerá tudo sobre educação infantil ou mecânica de automóveis.
É fácil ver essa fantasia representada repetidamente nas comunidades espirituais.
Um casal deslumbrado pediu conselhos sobre parto ao seu mestre, um famoso lama tibetano.
Ora, esse lama era um celibatário, criado num mosteiro, que nada sabia do assunto. Mas deu ao casal alguns conselhos que ouvira do folclore nas montanhas do Tibete. Baseado em seus conselhos, o casal tentou um parto caseiro nas montanhas, com resultados desastrosos — mãe e filho quase morreram.
Outro discípulo seguiu um carismático guru indiano, cujo poderoso amor e ensinamentos trouxeram grande alegria e paz à sua vida.
Esse discípulo era gay e vivia uma relação de proteção e comprometimento há mais de dez anos; quando, mais tarde, o guru lhe afirmou que toda homossexualidade era um terrível pecado que levava ao inferno, sua vida quase foi destruída.
Seu relacionamento se rompeu. Retomaram a culpa secreta e o ódio de si mesmo que haviam atormentado sua vida desde a infância.
Afinal, com ajuda externa, ele chegou a perceber que, embora pudesse lhe transmitir visões e maravilhosos ensinamentos de meditação, o guru era completamente ignorante sobre a homossexualidade.
Só ao tomar consciência disso é que ele foi capaz de, com igual bondade, manter os ensinamentos que tanto valorizava e sua vida particular.
Podemos ver, repetidas vezes, como uma dimensão da vida não traz automaticamente sabedoria para outras dimensões. Cada mestre e cada prática têm seus pontos fortes e suas fraquezas.
Assim é a vida.
Namaste